capa - diferença entre música caipira e sertaneja

Você gosta de música sertaneja? E de música caipira? Se você respondeu sim para um e não para outro, isso indica que existe uma diferença entre estes dois gêneros. Mas será que existe mesmo?

É o que vamos discutir um pouco no texto de hoje, desde o início da história da música caipira, a era do rádio até a chegada da música sertaneja. Enfim, um pouco da história da música brasileira. Mas dessa vez, ao invés de olhar para o mar, vamos olhar um pouco para o interior.

música caipira

O que é música caipira?

Ao pensar no termo “música caipira”, a primeira imagem que nos vem à cabeça é a de uma dupla de cantores segurando uma viola e um violão com nomes que complementam um ao outro.

A música caipira começou a ser gravada na década de 1920 com a chegada do rádio e foi graças a esse meio de comunicação e aos discos que essa música, que contava sobre o cotidiano dos habitantes do interior do estado, chegou até o resto do país. Para entender um pouco mais sobre a importância do rádio e do disco na difusão da música, dê uma olhada no nosso texto sobre a Indústria Fonográfica.

Sendo assim, sua música nos fala dos romances proibidos, de epopeias desses viajantes, histórias de traições, lições de moral, religiosidade, entre outros assuntos ligados ao homem e a terra. Um importante elemento desta música é a viola caipira, sempre presente na música caipira. Nós falamos sobre este instrumento lindo em um de nossos vídeos, não deixe de conferir!

O cantador pode aparecer sozinho portando apenas sua viola e sua voz. Porém, algo que ficou marcado na música caipira é a constituição das duplas caipiras cantando em terças afinadíssimas, a ponto de quase não se distinguir uma voz da outra. Podemos citar como exemplo Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho, Pedro Bento e Zé da Estrada, Liu e Leo, entre muitos outros.

 

As três fases da música caipira

Ivan Vilela, em seu livro Cantando a Própria História, divide a música caipira gravada em disco em três fases. Neste livro, o autor discorre sobre todos os aspectos da música caipira, como a viola, o violeiro, a musicalidade e o caipira per se.

Sendo assim, a primeira fase tem início com Cornélio Pires, um grande defensor da cultura caipira. Assim, ele passa a gravar (e paga do próprio bolso!) não só canções, mas também anedotas caipiras.

Além disso, a moda de viola também ganha grande destaque nesta primeira fase, sendo antes conhecida apenas no seio caipira. Uma curiosidade é que, nesta primeira fase, muitos dos arranjos musicais traziam flautas e violinos, instrumentos nada ligados à música caipira.

A segunda fase tem seu início por volta de 1940, com a chegada de Tonico e Tinoco, Zé Carreiro e Carreirinho, entre outros. Aqui podemos ver aquilo que seria marca registrada da música caipira: a dupla portando uma viola e violão. Também é nesta fase que começam a surgir as duplas de irmãos cantando seus romances.

a terceira fase começa em 1960, com a chegada do rock e da jovem guarda. A viola foi deixada de lado e as duplas passaram a ser acompanhadas por bandas. Sabe o que mais deixou de ser usado? O nome “caipira”, sendo substituído por “sertanejo”.

O que é música sertaneja?

Seria ela uma filha da música caipira? Vamos pensar por um instante: o que ficou da música caipira?

1. O romance:

Sim! Inclusive, esta fase é conhecida como “sertanejo romântico”. Este é um tema que nunca vai morrer, seja na música sertaneja ou em qualquer outra. Portanto, o que podemos dizer é que é um romance mais moderno agora.

2. As duplas:

Sim! Por mais que a imagem de um cantor solo tenha voltado, ainda temos duplas sertanejas que estão vendendo como água por aí.

3. A viola:

É, essa perdeu um pouco a importância. Quando é utilizada, aparece mais como uma homenagem aos velhos tempos do que como uma escolha estética.

4. A temática campesina

Sim e não. Sim, novamente em momentos de homenagens. Não, porque as letras se voltam para o urbano. Por isso, não se vê chapéu de palha e sim chapéu country. Não se ouve viola caipira e sim guitarra. Não se caminha mais de cavalo, dirige-se um camaro.

Aqui os grandes artistas são João Paulo e Daniel, Chitãozinho e Xororó, Renato Teixeira, Almir Sater, Sérgio Reis, Zezé de Camargo e Luciano.

Sertanejo universitário

Chegamos na nossa fase atual. O sertanejo universitário é um dos gêneros mais tocados no Brasil.

Um fato interessante é o retorno das vozes femininas ao sertanejo, solistas e em duplas! Agora podemos ouvir músicas sertanejas com assuntos românticos, mas pelos olhos de uma mulher, coisa que não acontecia desde Inezita Barroso.

Os cantores tendem a ser jovens (por isso o nome “universitário”), o que aproxima essa música do público que mais tem acesso à música via streaming. Além disso, a temática saiu do Boi Soberano e foi encontrar situações mais simples e corriqueiras. Porém, com forte ênfase na ostentação e na traição.

 

E então? Existe diferença?

Não podemos dizer que a música caipira de raiz é a mesma que o sertanejo universitário. Por outro lado, também não seria educado dizer que uma é melhor que a outra.

Portanto, o que se pode falar é que o sertanejo universitário só existe hoje por causa daqueles discos de 78 rpm que Cornélio Pires pagou do próprio bolso para que fossem gravados.

Todos estes artistas sertanejos, alguma vez na vida, já ouviram (e arrisco dizer, admiraram) a música caipira de Tião Carreiro, Milionário e José Rico. Uma não existiria sem a outra. E isso tem seu lado bom: agora você tem uma variedade enorme de música sertaneja que pode escolher e ouvir quando quiser!

E você? Qual é seu gênero favorito? Deixe aqui nos comentários!

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