5 músicas clássicas

Por mais que você me diga que não gosta de música clássica ou que nunca ouviu isso na sua vida ou até mesmo que você desconheça esse tipo de música, você com certeza já esbarrou com várias dessas músicas no seu dia a dia e as associou com significados opostos do real.

A música clássica é frequentemente (mas assim muito frequente) utilizada em filmes, jogos ou até mesmo na criação de memes. Aliás, quem assistia Tom e Jerry com muita certeza já ouviu várias dessas músicas.

Porém, o que a maioria das pessoas desconhecem é o nome dessas músicas, seus autores e, principalmente, para que e por que essas músicas foram compostas.

Então, eu separei 5 músicas clássicas que você já ouviu por aí mas não faz ideia do significado dado a elas no momento de sua composição há muitos séculos.

 

1. Hallelujah Chorus de Messiah (Georg Friedrich Händel)

Quem aqui nunca ouviu esse gigante ‘ALELUIA’ entoado pelo coro? Mas o que muitos não sabem é que esse ‘aleluia’ faz parte de uma obra chamada ‘Messiah’, escrita por Georg Friedrich Händel.

O Messias (1741) faz parte de uma série de concertos executados em Dublin entre 1741 e 1742 e é um oratório. O texto da peça foi selecionado das Escrituras, preparados por Charles Jennens. A ideia inicial era justificar que Jesus era o verdadeiro messias prometido para o povo Hebreu.

Porém, o que acabou sobressaindo, na verdade, foi a história de vida de Jesus e aquela mensagem inicial acabou ficando muito sutil durante a obra. Sendo assim, a música é dividida em 3 partes, representando a trindade para os cristãos:

• 1ª parte: Profecia e nascimento de Cristo
• 2ª parte: Paixão de Cristo que termina no famoso ‘Aleluia’
• 3ª parte: retrata a redenção

Messias teve uma receptividade bastante controversa na época. Bem, primeiro é preciso dizer que embora a peça tenha esse caráter religioso ela não é litúrgica, ou seja, não foi feita para os ritos da igreja. Além disso, o gênero do oratório é feito baseado nas escrituras com encenação. Naquele período, a igreja repudiava esse tipo de abordagem.

Dito isso, a obra foi recebida na época como não tão suficientemente religiosa e muito menos adequada para um ambiente de entretenimento, já que se utilizava das escrituras sagradas.

“Isto é um Ato de Religião?…; se é, eu pergunto se o teatro é um templo adequado para se executar essa peça. Por outro lado, se é apenas uma diversão ou entretenimento…que profanação com o nome de Deus e suas Escrituras fazer um uso tão vão de seu nome”
Trecho retirado de Handel de Anthony Hicks (Grove Music Online)

O resultado final é que Messiah se tornou a obra mais famosa de Haendel. Porém, as pessoas conhecem mais o Aleluia do que as outras partes porque são raros os lugares que executam essa obra por completo.

Claro que eu não podia deixar de dizer que o ‘Aleluia’ se canta em pé na maioria das vezes. Isso porque existe uma história de que o rei George II da Inglaterra ficou tão impressionado com o ‘Aleluia’ que se levantou durante a música. Com isso, todos da plateia se levantaram, já que não se fica sentado quando o rei está de pé.

 

2. O Fortuna de Carmina Burana (Carl Orff)

‘O Fortuna’ é de longe uma das músicas clássicas mais populares. Essa obra é bastante utilizada no cinema, especialmente em cenas de muita imponência ou terror, ou até em memes.

Esse coro faz parte da obra de Carl Orff intitulada Carmina Burana (já temos post sobre ela no blog). Mas nem todos sabem o significado da letra de ‘O Fortuna’ e muito menos da obra como um todo: seu texto não tem nada de semelhante com terror.

Carmina Burana foi escrita por Orff em cima de poemas da Idade Média que falavam sobre amor, juventude, ironia, vinho etc. Era quase como o Carpe Diem.

O Fortuna, então, usa o símbolo da Roda da Fortuna, uma roda que gira inconstantemente, trazendo sorte ou azar. Esse símbolo emoldurou a obra de Orff, pois ele inicia e encerra com ele.

“O Fortuna / És como a Lua / Mutável, Sempre aumentas / Ou diminuis; A detestável vida / Ora oprime e ora cura / Para brincar com a mente; Miséria, Poder, Ela os funde como gelo” –
O Fortuna Imperatrix Mundi (Fortuna, imperatriz do mundo).

 

3. Assim falou Zaratustra (Richard Strauss)

Com certeza, o início dessa música a maioria das pessoas conhece. Ele é o preferido das noivas antes da marcha nupcial e também já foi trilha sonora de 2001: Uma odisseia no espaço.

Bem, essa obra do Strauss é um poema sinfônico, isto é, uma obra baseada em um texto literário. Neste caso, a música é inspirada no tratado de Friedrich Nietzsche que possui o mesmo nome.

Pois é, Strauss estava reafirmando seu agnosticismo, em que o indivíduo tem a força de mudar seu destino sem precisar pensar em uma vida após a morte. Assim, toda essa obra de Strauss trata do conflito entre natureza e humanidade, no qual o homem busca transcender a crença religiosa.

Assim falou Zaratustra é dividida de acordo com os capítulos da obra de Nietzsche. Desse modo, a parte que as noivas usam é a que retrata o nascer do Sol, sendo a introdução da peça.

 

4. Tocata e Fuga em Ré menor (Johann Sebastian Bach)

Essa é uma peça escrita para órgão e ficou muito associada a filmes de terror, sendo bastante executadas em desenhos animados meio creepy e em shows de rock.

Porém, essa peça foi escrita por volta de 1700 e eu duvido que, no séc. XVIII, Bach estaria pensando em filmes de terror. A verdade é que a música feita pra órgão, em geral, ficou bastante conectada ao terror. 

Como o próprio nome da obra diz, essa música é uma tocata seguida de uma fuga. Uma tocata é um gênero musical instrumental que possui um estilo de improviso, muito inventivo, sendo dividida em várias seções. É um gênero bastante virtuose, exigindo uma habilidade técnica elevada do instrumentista.

Já a fuga é um gênero bastante desenvolvido no Barroco, construída através da polifonia (mais de uma voz independente) e imitação. Basicamente, existe o sujeito que carrega o motivo principal e o contrassujeito que imita o sujeito em outra voz.

 

5. Für Elise (Ludwig van Beethoven)

Você provavelmente conhece essa música por causa do gás que passa aí perto da sua casa. Pois é, essa é a música do gás!

Für Elise foi escrita por Beethoven em 1810, sendo publicada só em 1867, e dedicada a essa tal de Elise. Porém, ninguém sabe ao certo quem seria a Elise. As teorias são que Elise poderia ser:

Therese Malfatti: uma amiga de Beethoven
Elisabeth Röckel: também amiga de Beethoven, soprano e que era chamada de Elise.
Elise Barensfeld: uma criança prodígio que viajou com Beethoven em alguns concertos dele.

Pois é, são muitas opções. Mas o fato é que nem a Elise é conhecida e nem a peça original, pois ela está perdida. O que conhecemos hoje é uma transcrição de Ludwig Nohl. Não podemos saber ao certo o que Beethoven pensou de fato com essa música.

Für Elise é uma bagatela (peça pequena para piano) e é dividida em forma de rondó ABACA. Por isso, você ouve várias vezes o tema principal do gás. Mas coitada da pobre Elise! Sua música foi tão massacrada ao longo dos séculos.

Caso você queira saber mais detalhes, fizemos um vídeo sobre Für Elise no nosso canal!

A música clássica está presente no nosso dia-a-dia mais do que imaginamos, resta parar para prestar atenção sobre o que elas falam. Mas, quantas dessas músicas clássicas de fato você sabia o significado?

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Referências:

Gilliam, B., & Youmans, C.  (2001, January 01). Strauss, Richard. Grove Music Online. 2018, from http:////www.oxfordmusiconline.com/grovemusic/view/10.1093/gmo/9781561592630.001.0001/omo-9781561592630-e-0000040117.

Hicks, A.  (2001, January 01). Handel [Händel, Hendel], George Frideric. Grove Music Online. Ed.   Retrieved 10 Dec. 2018, from http://www.oxfordmusiconline.com/grovemusic/view/10.1093/gmo/9781561592630.001.0001/omo-9781561592630-e-0000040060.

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