imagem de quadro: várias crianças em roda com vestidos coloridos. Quadrado amarelo à esquerda superior com os dizeres em branco 'cantigas brasileiras'

Quando se fala em “cantigas”, provavelmente se pensa nas cantigas de roda, nas músicas infantis, nas músicas de brincar da nossa infância. Realmente, as cantigas também representam esse tipo de repertório e fazem parte do nosso folclore.

Então, esse artigo vai falar sobre o conceito de cantiga, suas origens e também comentar sobre os pesquisadores das cantigas brasileiras.

 

O que são cantigas?

Praticamente, as cantigas são originárias do período medieval. Porém, as que encontramos aqui no Brasil têm uma tradição galego-portuguesa.

Mas, quem já estudou literatura deve se lembrar das cantigas de escárnio, maldizer e de amigo. Pois é, essas cantigas nasceram com os trovadores e, basicamente, são poemas curtos de cunho popular. Em relação à palavra “cantiga”, essa é sinônimo de “canção” ou “melodia”.

Além disso, existem as cantigas de roda que, como disse, fazem parte do nosso folclore e possuem tradições portuguesas, africanas e indígenas. Esse tipo de cantiga, geralmente, aborda os costumes, as festas típicas de cada região, as comidas, brincadeiras comuns, entre outros.

Assim, são músicas de caráter popular e que nascem anonimamente, passadas na tradição oral. De maneira geral, são brincadeiras infantis, composições musicais curtas, com rimas, repetições e até trocadilhos.

Para as crianças, as cantigas são um ótimo jeito de trazer a realidade, ensinar, aprender coreografias e, portanto, coordenação, e também facilitam a assimilação delas. Assim, elas aprendem através da diversão.

Bem, nossas cantigas brasileiras são muito ricas e misturam diversas tradições. Por isso, foram pesquisadas por muitos brasileiros, entre eles Mário de Andrade, Antônio Nóbrega e Villa-Lobos. Vamos falar deles agora!

 

Mário de Andrade e a pesquisa sobre as cantigas brasileiras

Muitos de nós conhecemos Mário de Andrade da literatura. Porém, não podemos esquecer que ele foi um grande pesquisador musical e crítico.

Com isso, Mário estudou a fundo a origem das cantigas e trouxe nossa história da música, nosso folclore nessa pesquisa. Em seu Ensaio Sobre a Música Brasileira, Mário estuda a criação espontânea, a performance do canto improvisado e as fontes vindas do exterior para o Brasil.

Bem, o autor viajou para vários cantos do Brasil, recolhendo registros musicais. Em sua viagem para o Nordeste, ele recolheu algumas músicas típicas de lá como: aribu, zunzum, tava muito doentim, entre outras.

Recentemente, foi achada uma gravação do próprio Mário nos EUA cantando algumas dessas músicas com Raquel de Queiroz e Mary Pedrosa. Quem quiser ouvir essas gravações, elas estão disponibilizadas no Instituo de Estudos Brasileiros (IEB).

 

Antônio Nóbrega e a divulgação do folclore brasileiro

Antônio Nóbrega é um artista brasileiro que trabalha muito com a difusão da cultura brasileira. Também se baseou bastante na pesquisa no Mário de Andrade e lançou o CD Na pancada de ganzá, que reúne cantos tradicionais do povo brasileiro e é um reflexo da pesquisa de Mário.

Sua performance artística é sempre pensada para melhor representar a riqueza e diversidade do folclore. Assim, em reportagem do jornal GGN sobre Mário de Andrade, encontramos uma afirmação de Nóbrega sobre a importância daquele pesquisador:

“Estamos nos distanciando cada vez mais de um certo Brasil que, por falta de termo melhor, chamemos de ‘popular’. Faz falta o pensamento de Mário de Andrade para entender o país e – digo mais – colocá-lo num lugar melhor.”

 

Heitor Villa-Lobos e as cirandas

Villa-Lobos também faz um “compêndio” das nossas cantigas. Ele viajou o Brasil recolhendo nosso folclore, músicas regionais e indígenas. Assim, compõe a obra Cirandas, o que parece que foi o próprio Mário que pediu para ele escrever essa composição.

Essa obra foi escrita para piano solo, composta em 1926. Aqui, as cantigas de roda estão presentes, entre elas: Nesta rua, O cravo brigou com a rosa, Que lindos olhos e A canoa virou.

 

Também conseguimos entender a obra Cirandas de Villa-Lobos através de uma carta para Mário, que foi trazida a público pela pesquisadora Flávia Toni e pelo Manoel Aranha:

“Escrevi uma longa série de 20 peças cujas formas e processos novos dei o nome de Cirandas. São todas para piano ou pequena orquestra; e por fim, uma outra série para canto e piano, intitulada Serestas. (…) Em tudo isso, venho completando o meu velhíssimo programa de escrever música regional, ou melhor, de escrever a música deste grande país, sem estilizá-la, nem harmonizá-la, nem tão pouco adaptá-la, no ambiente da técnica musical europeia, tão diferente da nossa, que é vivida há séculos nos nossos choros”

É importante dizer que o músico faz essa afirmação para Mário, porque Villa-Lobos já tinha sido muito criticado pelo seu estilo de composição, em que afirmavam que era muito europeu.

Podemos dizer que nossas cantigas brasileiras e folclore são muito rico e digno de inúmeras pesquisas. Além disso, é importante frisar que as cantigas, em geral, é o primeiro contato das crianças com a música, sendo um momento de sensibilização musical.

Caso queira ver esse conteúdo em formato audiovisual, assista ao vídeo abaixo:

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