Imagem de uma pauta musical em um fundo preto. As notas são todas coloridas e ondas também coloridas circundam essa pauta. No canto superior direito há um quadrado branco, onde se lê: Idagio: novo streaming para música clássica' em azul.

Anya Wassenberg, escritora do blog Ludwig van Toronto, escreveu recentemente um artigo que discorre sobre como os modelos de streaming atuais não favorecem a música clássica. Nesse cenário, a recente plataforma de streaming, Idagio (fundada em 2015) tem reinventado esse sistema.

Esse artigo, então, traz trechos do post de Wassenberg sobre essas questões. Você pode conferir o artigo da autora na íntegra clicando aqui.

 

Como funcionam as plataformas de streaming musical agora?

Em um primeiro momento, a autora destaca que apenas 1% das pessoas consome música clássica dentro das plataformas de streaming. O motivo? Bem, a maioria delas afirma não estar satisfeita com essas plataformas na hora de buscar por músicas clássicas.

Isso acontece porque serviços como o Spotify, por exemplo, organizam suas músicas por artista, canção ou álbum. Basicamente, tudo entra na caixinha do “título da música”. Porém, quem gosta de música clássica sabe que não adianta apenas escrever o nome da música e reproduzir a primeira que vier.

No mundo da música popular, esse esquema pode até ser funcional. Mas para a música erudita, existem dezenas de versões de uma mesma sinfonia de Beethoven, por exemplo. Assim, as pessoas vão querer encontrar seus interpretes favoritos ou até mesmo comparar versões.

 

Não é adequado colocar “música clássica” em uma única categoria

Outra questão também levantada por Wassenberg é o fato de que, bem, música clássica na verdade são “músicas clássicas”. Existem mais de 1500 anos de música! Não é muito apropriado colocar todas na mesma categoria de “música clássica”.

Para você ter uma ideia, na história da música clássica ocidental, temos a música medieval, renascentista, barroca, clássica, romântica, séc. XX e contemporânea. E para cada um desses períodos, existe um universo de gêneros musicais diferente.

Sim, a música clássica é muito, mas muito diversa! Veja, você pode encontrar só na renascença, por exemplo, chansons, fantasias para alaúde, ayres inglesas, motetos, virginais, missas, madrigais. Aí você vai para o romantismo: encontrará sinfonias, concertos para piano, lied, óperas, quartetos de corda. Enfim, acho que já deu para entender que são mundos muito distintos dentro de uma mesma caixinha chamada “música clássica”.

Aqui no blog, temos um artigo explicando brevemente o que é música. Lá você pode entender um pouco sobre a diversidade dessa arte.

mulher ouvindo música com fone de ouvido do celular

Como o Idagio funciona?

“Ok, já entendi que é difícil a categorização, mas qual é a diferença do Idagio?”. Bem, o Idagio foi fundado em 2015, na Alemanha. Um de seus fundadores, Till Janczukowicz, entende que a música erudita precisa de um modelo diferente dos que já existem. Assim, juntamente com desenvolvedores, criou seu próprio sistema.

Sendo assim, nesse sistema, você pode procurar por compositor, solistas, instrumentos, gêneros, regentes e até mesmo conjuntos musicais. Além disso, você também pode procurar por “humor” (como músicas melancólicas, românticas etc) ou descobrir o que tem de novo através da função “discover”.

Segundo o site do próprio Idagio, a grande diferença, então, é que a base de dados está organizada por “obra” e não por “faixa musical”. Assim, o ouvinte pode comparar todas as versões de uma mesma peça mais facilmente. Por enquanto, a plataforma tem 1 milhão de faixas de diversos selos.

Outra coisa muito legal que o Idagio oferece são vídeos com comentários de artistas clássicos sobre suas gravações favoritas. Também oferece release sobre obras e alta qualidade de som ou baixa qualidade, caso queria facilitar seu download.

E não para por aí! A plataforma faz uma extensa pesquisa musicológica, para colocar todas as informações de uma obra. Em sua equipe, há vários musicólogos, performances e teóricos musicais. Todos trabalham juntamente com orquestras, músicos, selos e festivais.

Além disso, cada um é especialista em uma área da música clássica, como música renascentista, música contemporânea, ópera, entre outros. Tudo isso para dar jus a cada detalhe que uma obra possui, categorizá-la corretamente e melhorar a experiência musical para os amantes da música clássica.

 

O mercado da música clássica no streaming

Em outro artigo aqui do blog, já falamos sobre a indústria fonográfica e como ela se modificou. Lá você pode entender como certos estilos musicais começaram a perder espaço para as músicas de massa.

Bem, a música clássica, atualmente, representa cerca de 5% do mercado fonográfico. Porém, segundo Janczukowicz, 30% dos amantes de música gostam de música clássica.

Assim, para facilitar e aproximar mais o público jovem da música erudita, é necessário que os serviços tecnológicos mais utilizados por eles consigam de fato incorporar toda a diversidade desse estilo musical.

Segundo Wassenberg, os maiores serviços de streaming musical atuais oferecem muito dos mesmos gêneros, como pop, rock, eletrônico. Assim, é possível que os streamings mais direcionados a nichos musicais, como os da música clássica, venham ganhar cada vez mais espaço.

performance musical: violoncelista girando o violoncelo

Como é o sistema de pagamento nas plataformas de streaming?

Por fim, o modelo de pagamento para esses serviços também precisaria se adequar aos parâmetros da música clássica. Isso porque a maioria dessas músicas são longas, bem longas, em comparação com o mundo da música popular.

O Spotify, por exemplo, paga por reprodução e não por tempo escutado. Ou seja, quanto mais música de um artista você ouvir, mais ele iria ganhar. Assim, se as músicas dele forem curtas, mais músicas dele você conseguiria ouvir.

Por isso, esse modelo desfavorece músicas muito compridas, como as músicas eruditas. Uma sinfonia pode durar 40 minutos, por exemplo. Assim, todo o custo dessa produção, que envolve dezenas de artistas, não seria muito compensado.

“E como é feito o pagamento para os artistas nessas plataformas?”. Wassenberg calculou que o Spotify paga $0.00437 por taxa de reprodução. Com isso, para um artista ganhar $1,472USD, ele teria que receber 336,842 reproduções.

Por outro lado, o Idagio paga ao artista por segundo reproduzido e por usuário inscrito. Assim, se o usuário gasta 25% do tempo escutando uma música, a orquestra receberá 25% da taxa de inscrição daquele usuário por mês.

Por enquanto, ao assinar o Idagio, o pagamento só pode ser feito em dólar ou euro, custando $9,99, algo ainda complicado de se ter no Brasil. Porém, plataformas como essa talvez ajudem a melhorar de fato a experiência das pessoas ao ouvir música clássica e fazer jus a todo o trabalho envolvido em uma gravação desse estilo musical.

O que achou desse novo modo de pensar a música clássica através do streaming? Deixe aqui nos comentário! Caso queira saber mais sobre o Idagio, clique aqui.

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