capa - modos gregos

Já ouviu os termos lídio, dórico, Eólio? Pois é, esses são alguns modos musicais. Mas o que são os modos gregos? Como eles surgiram? Ainda usamos isso na música?

Na teoria musical, é bastante comum encontrar músicas compostas em cima de escalas musicais, certas tonalidades, harmonias, séries de 12 notas ou dos modos musicais. Assim, este post explicará o que são esses modos musicais, quais são eles e como são construídos.

 

O que são os modos gregos?

As Escalas musicais são formadas através da organização de sons ou notas. Assim, os modos gregos são organizações dos sons naturais, ou seja, as notas sem acidentes: sustenidos ou bemóis.

“Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, SI”

Essa organização de modos surgiu na Grécia Antiga, dividindo-os da seguinte maneira: o modo dórico, o modo frígio, o modo lídio, o modo jônio e o modo eólio. Cada um dos modos recebeu este modo devido a localização que foram feitos: Dória, Frígia, Lídia, Jônia e Eólia.

Porém, é na Idade Média, quando começa o início da História da Música Ocidental, que eles vão ser denominados de modos gregorianos.

 

Os modos gregorianos

A música medieval como um todo, mas principalmente a música litúrgica, usava os modos para a sua construção. É aqui que entra a figura do Papa Gregório I, que organizou a música litúrgica deste período. Porém, esses modos não são exatamente os mesmos modos da Grécia Antiga.

Inclusive, é do uso desses modos e do nome desse Papa que vem a denominação canto gregoriano. Também conhecido por cantochão, esse tipo de canto era usado na música litúrgica na Idade Média. Entre as principais características estão o ritmo livre, a monodia e o uso dos modos.

 

Como são construídos os modos?

Como mencionei, são escalas formadas pelas notas sem acidentes. A este tipo de escala damos o nome de diatônica.

Para construir, então, pegamos cada uma das notas e formamos uma escala a partir dela sem acidentes. Isso pode não parecer claro, mas quando mudamos a nota inicial todo o “campo harmônico” também muda, dando outra “cor” à música.

Isso acontece porque a relação entre tom e semitom é alterada. Por exemplo, nós sempre teremos um tom completo entre DÓ-RÉ, RÉ-MI, FÁ-SOL e LÁ-SI. E um semitom (ou meio tom) entre as notas MI-FÁ e SI-DÓ.

Assim, em uma escala iniciada por DÓ (Dó-RÉ-MI-FÁ-SOL-LÁ-SI-DÓ), o intervalo de 1 tom está nas posições, ou graus da escala, 1,2,4,5. E o de meio tom nas posições 3 e 6. Isso muda completamente se iniciarmos a escala pela nota MI (MI-FÁ-SOL-LÁ-SI-DÓ-RÉ-MI). Veja que agora o semitom está no início e no 5o grau da escala.

Então, a escala iniciada por DÓ teria essa construção (usamos T para tom e S para semitom): T-T-S-T-T-T-S. Já por MI, a configuração ficaria desta maneira: S – T – T – T – S – T –T. Ou seja, configurações de escala muito diferentes.

modos gregos: jônio
Jônio
modos gregos: frígio
Frígio

Mas não é só isso que muda! Nos modos, ao iniciarmos uma escala por DÓ ou por MI, isso significa que toda a música gira em torno da nota DÓ ou da nota MI. Assim, elas são as notas mais importantes da música, ocorrendo com muito mais frequência.

Isso também significa que alguns intervalos serão mais utilizados para cadenciar nessas notas. Entre eles os intervalos de 5J ou 4J.

Posteriormente, na Renascença, se tornou comum colocar acidentes para fazer o semitom e cadenciar a peça. Então, no modo dórico, por exemplo, você vai encontrar o DÓ sustenido para poder chegar em Ré.

Esse passo de criar um intervalo de semitom, na linguagem musical moderna, levando em consideração a noção de tonalidade, é chamado de sensível. Já a nota principal é chamada de Tônica e o intervalo de SOL-DÓ (4J), por exemplo, é considerado como DOMINANTE-TÔNICA. Porém, esses termos não se aplicam aos modos.

 

Quais são os modos?


Cada nota iniciada tem o nome de um modo diferente: Jônio (Dó), Dórico (Ré), Frígio (mi), Lídio (Fá), Mixolídio (Sol), Eólio (Lá), Lócrio (Si). Embora falamos do Lócrio como um modo, ele não era utilizado na Idade Média.

modos gregos: jônio
Jônio
modos gregos: frígio
Frígio
modos gregos: mixolídio
Mixolídio
modos gregos: lócrio
Lócrio
modos gregos: dórico
Dórico
modos gregos: lídio
Lídio
modos gregos: eólio
Eólio

Bem, eu disse que para construir os modos NÃO utilizamos acidentes. Porém, se eu quiser fazer uma escala de Sol no modo Dórico, eu terei que usar acidentes para fazer a configuração dos graus da escala da seguinte maneira: T – S – T – T – T – S – T.

Se eu apenas construir a escala começando da nota Sol sem acidentes, eu apenas terei o modo mixolídio com a configuração T – T – S – T – T – S – T. Assim, para fazer um Sol em Dórico eu terei que colocar acidente, ou seja, um bemol no Si: Sol, Lá, Sib, Dó, Ré, Mi, Fá.

modos gregos: sol em dórico
Sol em dórico

Agora sim, nós temos uma escala Dórica em Sol. Então, isso NÃO é a escala mixolídio e sim a dórica por causa das posições de tom e semitom.

Posteriormente, os modos Jônio e Lídio vão se tornando preferência ao longo da história da música. Assim, tem o surgimento do que é comum hoje: o modo maior (Jônio) e o modo menor (Eólio).

Isso significa que toda escala maior terá a configuração T – T – S – T – T – T – S. E toda escala menor, a configuração T – S – T – T – S – T – T.

 

Os modos na história da música

Bem, não foi só na Idade Média que os modos foram utilizados. Ao longo da história da música, vários compositores utilizavam essas escalas modais. Debussy, por exemplo, tem várias músicas em vários modos diferentes.

Atualmente, as músicas folclóricas são em sua grande maioria em escala modal. Além disso, vários tipos de música também usam os modos em suas composições.

Por fim, embora a denominação “modos gregos” seja bastante comum, o que utilizamos hoje já é muito diferente do que foi na Grécia antiga. Quer saber mais sobre teoria musical? Vá em nossa página de livros de música para ver os livros que sugerimos para seu estudo!

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