brigas do mundo da música

Se pedirmos você para descrever sua visão de música. O que nos diria? Imaginaria uma pessoa briguenta ou uma pessoa calma? E um grupo musical, como uma linda orquestra, será que estão em harmonia ou existem brigas nos bastidores?

Bem, nem só de harmonia vive o músico. Este mundo lindo e encantador também está cheio de pequenas e grandes picuinhas entre artistas. Neste artigo, nós vamos falar sobre 3 brigas do mundo da música.

brigas do mundo da música

Brigas do mundo da música: treta no mundo do Samba

Uma polêmica bem brasileira ocorreu entre 2 incríveis sambistas e acabou nos rendendo muita música boa. Estamos falando das discussões entre Noel Rosa (1910-1937) e Wilson Batista (1913-1968).

Tudo começou quando Wilson Batista – que se encontrava no início da carreira – compôs a canção Lenço no Pescoço, uma clara apologia a malandragem.

Meu chapéu do lado
Tamanco arrastando
Lenço no pescoço
Navalha no bolso
Eu passo gingando
Provoco e desafio
Eu tenho orgulho
Em ser tão vadio

Pequena observação histórica: é importante lembrar que neste momento da história do Brasil (1933) a malandragem não era bem vista. Assim, compor uma música exaltando este aspecto poderia causar problemas.

Mas por que o Noel Rosa se importaria com uma canção de Wilson Batista se ela não tinha nada a ver com ele? O próprio Noel escreveu algumas músicas sobre malandragem! Por que Noel sentiu necessidade de responder ao sambista malandro?

Reza a lenda que havia uma terceira pessoa envolvida nesta história. Uma bela mulher que roubou o coração Noe, mas escolheu Batista. Verdade ou não, na primeira oportunidade de revidar, Noel compõe Rapaz Folgado e deixa sua mensagem bem clara:

Deixa de arrastar o teu tamanco
Pois tamanco nunca foi sandália
E tira do pescoço o lenço branco
Compra sapato e gravata
Joga fora esta navalha que te atrapalha (…)
Malandro é palavra derrotista
Que só serve pra tirar
Todo o valor do sambista
Proponho ao povo civilizado
Não te chamar de malandro
E sim de rapaz folgado

Mas não acabou por aí. Wilson Batista não deixou por isso mesmo e respondeu:

Você que é mocinho da Vila
Fala muito em violão, barracão e outros fricotes mais
Se não quiser perder o nome
Cuide do seu microfone e deixe
Quem é malandro em paz
(Mocinho da Vila)

Então, Noel Rosa retruca:

Quem é você que não sabe o que diz?
Meu Deus do Céu, que palpite infeliz!
(Palpite Infeliz)

Aí o Wilson Batista continua:

Boa impressão nunca se tem
Quando se encontra um certo alguém
Que até parece um Frankenstein
Mas como diz o rifão: por uma cara feia perde-se um bom coração
(Frankstein da Vila)

A briga só acabou quando os 2 juntos compuseram Terra de Cego, uma composição de Wilson Batista que ganha letra de Noel Rosa e se transforma em Deixa de Ser Convencida. Alguma aposta do porquê a briga acabou? Pois a briga terminou em samba!

Essa polêmica rendeu tantas canções boas que em 1956 foi lançado um LP chamado Polêmica. As canções foram interpretadas por Roberto Paiva e Francisco Edígio.

 

Brigas do mundo da música: treta na Inglaterra

Na terra da rainha também teve treta e dessa vez vamos falar da banda Pink Floyd. Essa briga foi tão intensa que foi até parar no tribunal.

A banda formada em 1965 tinha como integrantes Roger Waters, David Gilmor, Nick Manson e Richard Wright. O grupo sofreu um baque quando, em dezembro de 1985 Roger Waters anunciou sua saída da banda, não sem antes dizer que esta era uma “força criativa desgastada”.

Gilmor e Manson continuaram os trabalhos da banda enquanto Waters trabalhava em seu álbum solo. Neste período, uma disputa legal foi iniciada, pois Waters dizia que a banda não podia mais usar o nome Pink Floyd uma vez que o grupo não era mais o Pink Floyd original.

Gilmor e Manson alegaram que isso era completamente irrelevante. Afinal, Pink Floyd é um selo comercial, não fazendo diferença quem pertencesse à banda. Só em 1987 a banda chegou a um acordo legal dentro dos tribunais e cada um seguiu seu rumo.

Em 2005, Waters, Gilmor e Manson se reconciliaram e realizaram um show muito esperado pelos fãs no mundo todo. Em 2011, o guitarrista e o baterista fizeram uma participação especial na turnê de Roger Waters The Wall, mas nenhum deles nunca deu indício de que a banda poderia um dia voltar a tocar.

Brigas do mundo da música: as tretas renascentistas

É claro que não poderíamos falar de tretas sem mencionar o maior treteiro do mundo da música: Giovanni Battista Lulli, mais conhecido como Jean-Baptiste Lully (1632-1687).

Lully nasceu em Forença, na Itália, mas fez sua carreira na França na corte de Luis XIV, o Rei Sol. Era muito conhecido por compor balés, uma vez que toda a corte sabia e gostava de dançar balé.

Seu parceiro de composição e libretista (quem escreve as histórias dos balés e óperas) chamava-se Molière. Um dos balés mais importantes dessa parceria é O Burguês Fidalgo, sendo um dos mais famosos de Lully.

Porém, compor para a corte não era o suficiente para Lully, ele queria o monopólio de toda e qualquer música escrita na França. O músico não gostava do fato de Molière ser tão famoso quanto ele.

Assim, tendo muita influência no rei, Lully conseguiu fechar todas as outras casas de ópera da França, expulsando a trupe de Molière da cidade. E não para por aí, Lully ainda conseguiu estabelecer a Academia Real de Música.

Depois de se livrar de todos em seu caminho, o músico contratou outro libretista para escrever o que ele queria.

Lully era tão aperreador que, por consequência do destino ou não, acabou morrendo por culpa de um pé infeccionado. O músico se machucou com seu bastão de regência e acabou tendo uma gangrena, mas se recusou a amputar o próprio pé para poder viver.

E você? Conhece outras brigas do mundo da música que não citamos? Deixe nos comentários! Se quiser ter acesso a este conteúdo em formato audiovisual não deixe de assistir nosso vídeo no canal!

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