capa - como funciona uma orquestra

Você sabe o que é uma orquestra e como ela funciona? Já reparou na quantidade de músicos no palco e imaginou qual seria o papel de cada um? Afinal, como é possível administrar uma quantidade imensa de instrumentistas para tocar uma música? 

Neste artigo, iremos explicar para você:
• O que é uma orquestra
• Como surgiu a orquestra
• Quais são os tipos de orquestras
• Como funciona a orquestra
• As orquestras brasileiras

Boa leitura!

orquestra - gif

O que é uma orquestra?

A palavra ‘orquestra’ tem origem grega e significa ‘lugar de dança’. Pode parecer estranho, visto que ninguém dança hoje em dia no palco. Porém, no teatro grego essa palavra designava a parte em frente ao palco. Neste lugar, então, ficava o coro que era formado por músicos e bailarinos.

Sendo assim, atualmente, essa palavra passou a designar um conjunto instrumental que toca música clássica. Mas vale mencionar que nem todas as orquestras são destinadas a esse tipo repertório.

 

Como a orquestra surgiu?

No contexto da música clássica, a formação da orquestra como conhecemos hoje foi acontecer somente a partir do séc. XIX. Antigamente, a música puramente instrumental não era considerada tão importante quanto a vocal. Por esse motivo, os pequenos conjuntos instrumentais começam a surgir no séc. XVI.

Período barroco

Porém, é só no séc. XVII, no período barroco, que começaram a se definir tais conjuntos como orquestra. Assim, eram compostas principalmente para acompanhar as óperas. Porém, mais tarde surgem músicas orquestrais independentes, como as 4 estações de Vivaldi, por exemplo.

Neste período, surge a figura de Jean-Baptiste Lully (1632-1687), compositor italiano, naturalizado francês. Lully foi o primeiro a começar a padronização da orquestra, definindo a direção das arcadas que os músicos precisam fazer em sincronia. Além disso, ele é considerado um dos primeiros regentes, pois conduzia a orquestra batendo um bastão no chão para marcar o tempo.

No barroco, os instrumentos que mais eram encontrados nessas formações eram os violinos, as violas da gamba, o cravo, os instrumentos de cordas dedilhadas (alaúde, teorba), flautas doce, entre outros.

Período clássico

Já no séc. XVIII, no período clássico, a orquestra começa a ter a formação atual. Os instrumentos sofreram modificações em sua estrutura e a forma de composição, ou seja, de pensar a orquestra também muda.

Além disso, surge o termo ‘sinfonia’ como já conhecemos atualmente e os principais compositores deste período seriam Mozart, Haydn e Beethoven, por exemplo.

Vale falar que até este período o número de instrumentos utilizados eram bem menores do que atualmente e, com isso, o tamanho das salas de concerto também eram menores.

Período romântico

No séc. XIX, a dimensão da orquestra aumentou e muito, isto é, tinha maior número de instrumentistas. Além disso, os instrumentos também tiveram mais modificações em sua estrutura, aumentando-se a sua potência sonora. Os instrumentos de metais ganham mais destaque nesta formação, assim como o naipe dos sopros em geral.

Os principais compositores orquestrais que podemos citar deste período seriam Brahms, Mahler, Ravel, Richard Strauss, entre outros.

Séc. XX

Finalmente, no séc. XX, temos a orquestra mais parecida com a formação orquestral da atualidade.

Uma diferença é que os instrumentos de percussão ganham muito mais destaque do que nos períodos anteriores. Além disso, instrumentos eletroacústicos também foram adicionados a esse repertório.

Em relação ao seu tamanho, ela é bem variada dependendo do tipo de repertório. Podemos destacar Camargo Guarnieri, Luciano Berio, Karlheinz  Stockhausen como compositores deste período.

Em relação à quantidade de músicos em uma orquestra atual costuma-se ter orquestras entre 80 a 100 instrumentistas nas salas de concerto. Esse tamanho pode variar conforme os estilos de repertório escolhidos para o concerto.

 

Tipos de orquestra

Existem diversos tipos de orquestra e cada uma delas tem tamanhos diferentes e composições instrumentais diferentes. Entre elas, temos a orquestra sinfônica, orquestra filarmônica, orquestra de câmara, as orquestras de música antiga, as bandas sinfônicas etc. Então vamos a elas!

Orquestra sinfônica e orquestra filarmônica

De modo geral, não há muitas diferenças entre esses dois tipos de orquestras. Ambas são consideradas orquestras completas. Cada uma delas tem em média de 80 a 100 músicos.

A principal diferença está no como elas são mantidas. As orquestras sinfônicas são mantidas por órgãos governamentais e as filarmônicas por instituições privadas sem fins lucrativos.

Orquestra de câmara

Esse tipo de orquestra tem números bem menores de instrumentistas. No máximo, elas costumam ter até 20 músicos. Isso porque, inicialmente, elas foram feitas para tocar em espaços pequenos, as câmaras.

Caso você queira entende melhor o que é música de câmara, veja esse nosso outro post explicando direitinho o porquê deste nome e seus tipos de repertório.

Orquestras de música antiga

Outro tipo de orquestra que também entra nesta categoria da música de câmara, seriam os conjuntos de música antiga. Entende-se por música antiga todo aquele tipo de música feito desde o séc. IX até o fim do séc. XVIII.

Por isso, essas orquestras costumam ter um número pequeno de instrumentistas e elas possuem instrumentos antigos, ou seja, advindos da época de cada repertório. Caso queira saber mais sobre esse tipo de música, assista a nosso vídeo sobre música antiga.

As bandas sinfônicas

Essas bandas sinfônicas são formadas, principalmente, por instrumentos de metais, madeiras e percussão. Porém, é possível encontrar outros tipos de instrumento de cordas, como o violoncelo, e o piano.

A quantidade de músico costuma ser menor do que as orquestras sinfônicas, ficando perto de 50 instrumentistas. Em relação ao seu repertório, é comum executarem músicas mais modernas, como o jazz.

 

Como funciona uma orquestra?

Como dissemos, o número de músicos no palco pode chegar até 100 em uma orquestra moderna. Assim, são muitos instrumentistas para tocar uma mesma música. Desse modo, a figura do regente, ou maestro, se torna indispensável.

Toda orquestra terá seu maestro. Essa pessoa é aquela que conduz a orquestra com uma batuta, ficando em frente aos músicos e de costas para o público.

Seu papel é muito importante, pois o maestro é o responsável pela visão da peça, pela sua interpretação. Ele que decide as dinâmicas, os timbres mais importantes, as mudanças de andamento, enfim, tudo o que envolve a interpretação. Além disso, ele também mantém o ritmo da música.

maestro regendo uma orquestra

Outra figura importante é o spalla. Este é o músico responsável por todos os outros e é também o 1º violinista, sentando na primeira cadeira à esquerda do maestro. Além disso, ele é o último músico a entrar no palco, sendo aquele que o maestro aperta a mão.

De modo geral, o spalla é responsável pelas partes solistas das obras, pode ser o regente substituto e funciona como um intermediário entre os músicos e o maestro. Caso queira saber mais sobre essas duas figuras, também já temos um vídeo sobre esse assunto!

Organização da orquestra

Outro fator primordial para o funcionamento da orquestra (em especial as orquestras de música clássica) é a organização dos músicos no palco. Então, eles são divididos em grupos, apresentando os seguintes naipes:

• Cordas: violinos, violas, violoncelos, contrabaixos e harpas;
• Madeiras: flautas, oboés, clarinetes e fagotes;
• Metais: trompas, trompetes, trombone e tubas;
• Percussão: tímpano, marimba, xilofone, pandeiro e muitos outros!

E todos os instrumentos se organizam no palco de acordo com a figura abaixo:

organização da orquestra
Fonte: https://www.historiadasartes.com/som-camera-acao/musica/os-conjuntos-musicais/#jp-carousel-2028

Cada um desses instrumentos tem determinadas “funções” durante as músicas. Para entender melhor sobre isso, sugiro a leitura do livro Instrumentos da orquestra de Roy Bennett.

Sendo assim, toda essa organização tem um porquê. De modo geral, instrumentos iguais precisam ficar juntos tanto para ser mais fácil um ouvir o outro, quanto em termos de acústica. Não soaria a mesma coisa se cada um dos violinos ficassem espalhados de modo aleatório no palco, por exemplo.

Além disso, se cada instrumento igual ficasse em lugares diferentes, dificultaria o trabalho tanto desses músicos quanto do próprio maestro. Isso porquê o maestro não teria um lugar fixo para dar o sinal quando fosse a vez de certo naipe tocar.

Outra justificativa para essa composição, é que os instrumentos de maior potência sonora e com timbre mais destacado, como os metais e o naipe da percussão, precisam ficar atrás dos outros instrumentos para não cobri-los.

 

As orquestras brasileiras

Depois de falar sobre toda a concepção das orquestras, agora daremos dicas sobre quais são as orquestras principais do Brasil para que você possa vê-las tocar.Aliás, se você precisa de um motivo para assistir uma orquestra, leia nosso post!

Então, destacaremos as 6 orquestras brasileiras abaixo:

1. Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP): criada em 1954, essa orquestra é uma das orquestras mais famosas do Brasil e tem grande reconhecimento internacional. Embora seja uma orquestra itinerante, ela tem seu espaço fixo para tocar que é a Sala São Paulo.

2. Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB): essa é outra orquestra que tem uma grande importância. Foi criada em 1940 e tem sua sede no Rio de Janeiro.

3. Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG): foi criada em 2008, tendo a Sala Minas Gerais como seu espaço fixo. Porém ela também toca em outras cidades. É também uma das grandes orquestras no cenário brasileiro.

4. Orquestra jazz sinfônica: criada em 1989 em São Paulo, seu repertório é formado principalmente por música popular, tanto brasileira quanto internacional. Costuma se apresentar na Sala São Paulo, no Theatro Municipal de São Paulo e no Auditório Ibirapuera.

5. Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB): foi fundada em 1945, tendo sua sede em João Pessoa. A orquestra oferece concertos oficiais, populares e didáticos.

6. Orquestra sinfônica do Paraná (OSP): fundada em 1985, tendo sua sede em Curitiba no Teatro Guaira. Seu repertório é bastante eclético.

Além dessas, podemos mencionar a Orquestra Amazonas Filarmônica, A Orquestra de Câmara da USP, o Conjunto de Música Antiga da USP, A Orquestra Barroca do Amazonas, a Sinfônica de Heliópolis e o Conjunto de Câmara de Porto Alegre.

Felizmente, aqui no Brasil temos muitas orquestras para se orgulhar e falta de opção é o que não tem!

Para terminar…

Por fim, embora as orquestras apresentem semelhanças em relação a sua organização, cada uma dessas tem seu repertório mais especializado, sua quantidade de músicos variada e propósitos também diferentes.

Sendo assim, espero que você tenha entendido como funciona uma orquestra. Agora, só falta você ir assistir uma para aprender na prática tudo o que falamos aqui!

Compartilhe esse texto com seu amigo que queira aprender mais sobre esse tipo de repertório e deixe aqui nos comentários suas dúvidas!

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