capa - transformações da orquestra

Você já foi assistir uma orquestra? Se ainda não foi, deveria ir ao menos uma vez na vida ter essa experiência, pois é incrível e tenho certeza que vai se encantar. Mas você sabe como a orquestra surgiu e se tornou o que é hoje em dia?

As orquestras, geralmente, são divididas entre os naipes de cordas, madeiras, metais e percussão, têm em torno de 80 músicos e é comum contarem com a figura do regente ou maestro. Além disso, seu repertório é mais voltado para a música de concerto, mas não é uma exclusividade.

Porém, nem sempre foi assim. Por isso, vamos falar sobre as diversas transformações da orquestra ao longo da história da música. Inclusive, aqui no blog temos outros artigos com esse tema orquestral. Então, não deixe de conferir para saber mais.

gif - mozart regendo orquestra

O que significa orquestra?

A palavra orquestra vem do grego e significa “lugar de dança”. Nos teatros gregos, a parte frontal do palco era reservada para o coro e os instrumentos. Sim, música era algo muito importante na Grécia Antiga, tudo era cantado.

Com o passar do tempo, essa palavra acabou designando grupos musicais com uma variedade de instrumentos que executam música instrumental e são mais encontrados no mundo clássico.

 

Como é formada a orquestra?

Temos outro artigo explicando mais detalhadamente como uma orquestra funciona. Porém, vamos resumir esse tópico aqui.

É comum que a orquestra tenha um maestro que a conduzirá, além do primeiro concertino ou spalla. Também é dividida por naipes: as cordas, as madeiras, os metais e a percussão. Às vezes as orquestras contam com a presença dos instrumentos de teclas, como o cravo ou o piano.

Por outro lado, podemos ter peças escritas para orquestra e um solista, como os concertos para violino, para violoncelo, para piano, entre outros. Neste caso, um solista acaba ficando à frente da orquestra em uma posição de destaque.

Porém, como dissemos, a formação da orquestra nem sempre foi essa. Vamos explicar, então, suas transformações.

 

A orquestra no Renascimento

No séc. XVI, período também do Renascimento, já existiam alguns grupos instrumentais. Em geral, esses grupos eram pequenos, até porque o repertório vocal ainda era muito mais predominante que o instrumental. Assim, existem vários repertórios vocais em que a instrumentação não está especificada, mas provavelmente contavam com um acompanhamento instrumental.

O que vai ser reconhecido com uma das primeiras orquestras são as orquestras do italiano Giovanni Grabielli (1557-1612). Ao compor suas Sacrae Symphoniae, em 1597, escreveu um repertório para coros gigantes e instrumentos, em que especificou exatamente quais instrumentos deveriam ser usados e suas dinâmicas.

Com isso, deu-se início a uma nova forma de colorido musical e composição instrumental. Dessa maneira, os grupos instrumentais começam a se fixar e ser indicados pelos compositores, algo não muito comum anteriormente.

 

A orquestra no Barroco

No início do período barroco, temos uma das primeiras formações orquestrais em L’Orfeo de Claudio Monteverdi (1607). Vale falar que aqui esses grupos ainda não tinham uma estrutura fixa e uma grande variedade de instrumentação. Eram mais voltados para a família da viola, as famosas violas da gamba.

Além disso, não era comum se ter a figura do regente. Assim, um músico da orquestra era responsável por indicar e conduzir esses grupos musicais.

O primeiro regente

A orquestra começa a tomar corpo como conhecemos hoje com a padronização criada por Jean-Baptiste Lully, músico italiano naturalizado francês, que trabalhou na corte de Luis XIV da França. Lully (1632-1687) é considerado um dos primeiros regentes da história da música, já que ele ficava a frente da orquestra e batia um bastão no chão para indicar o andamento da música.

jean-baptiste lully - primeiro regente de orquestra

Além disso, Lully também padronizou as arcadas dos instrumentos de corda: todos tinham que fazer as arcadas iguais, ou seja, para cima ou para baixo no mesmo momento da música. Também começou a utilizar instrumentos de sopro e a fazer a organização espacial dos instrumentos, deixando os mesmos naipes unidos no palco.

As novas formações orquestrais

Ainda no séc. XVII, a família das violas foi dando espaço para a do violino. Nesse contexto, destaca-se a figura de Corelli e Vivaldi, que também começam a usar essa divisão de Lully e escrever mais idiomaticamente para a família das cordas.

consort de viola da gamba na orquestra
Consort de Viola da Gamba

Sendo assim, essa orquestra barroca é marcada pelo uso da família do violino, em detrimento das violas, o uso do sistema temperado de afinação e o baixo contínuo em suas composições. Além disso, os instrumentos de sopro mais antigos começam a ser deixados de lado e o cravo ou alaúde é encontrado nessa formação orquestral, fazendo o baixo contínuo.

Vale falar que o uso do sistema temperado de afinação ajudou as orquestras em uma padronização sonora, porém isso fez com que perdessem variedades timbrísticas.

 

A orquestra no Classicismo

O período clássico traz muitas transformações da orquestra a começar pelos próprios instrumentos. Sua forma de construção mudou, ganharam mais potência sonora e equilíbrio na afinação, o que possibilitou maior variedade de dinâmica.

Em relação à orquestra em si, esta ganhou mais padronização, os instrumentos de corda continuaram sendo a “base” da composição (escrita a 4 vozes) e os instrumentos de sopro conquistaram uma posição fixa dentro da orquestra, inclusive os instrumentos de metais e o tímpano (da percussão).

Assim, era comum ter estrutura a dois: 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas e 2 trompetes. Vale falar que os instrumentos de metais não tinham pistões como os atuais. Assim, as notas produzidas por estes instrumentos dependiam exclusivamente do sopro do instrumentista. As flautas também eram feitas de madeira, diferentes das atuais da orquestra moderna.

Neste período, destacam-se as orquestras de Haydn, Mozart e Beethoven, os principais compositores de sinfonia. Vale falar que foi aqui que surgiram formas musicais que perduraram por muitos séculos depois, como a forma sonata, a forma de concerto, a própria sinfonia e também os quartetos de cordas.

Neste repertório, é possível perceber o surgimento de grandes crescendo ou diminuendo nas composições e articulações especificadas pelos compositores, além do colorido timbrístico. Assim, já podemos perceber que esta orquestra  está mais próxima das atuais.

 

A orquestra no Romantismo

É no período romântico que as orquestras ganham mais potência sonora e crescem em termos de números de músicos no palco. Os naipes de sopros ganham mais cadeiras, sendo comum encontrar estrutura a 4: 4 flautas, 4 oboés, e assim por diante.

Assim, os instrumentos sofrem mais transformações, aumentando a potência sonora e os metais ganham uma posição fixa dentro das orquestras, e agora com pistões. Com isso, as orquestras ganham mais combinações sonoras, aumentando o colorido timbrístico. Além disso, as salas de concerto aumentam de tamanho.

Entre os compositores orquestrais que se destacam neste período, estão Schubert, Schumann, Brahms. Além desses, posteriormente, temos o surgimento de novas formas musicais como o poema sinfônico e as grandes óperas.

Estreia nos Estados Unidos (1916), pela Orquestra de Filadélfia e coros, sob a direção de Leopold Stokowski (1068 músicos no total).
Estreia nos Estados Unidos (1916), pela Orquestra de Filadélfia e coros, sob a direção de Leopold Stokowski (1068 músicos no total).

Berlioz, Liszt, Wagner, Mahler, Strauss, Ravel, Debussy, entre tantos outros fazem parte deste período. Quando dissemos que a orquestra cresceu enormemente, estamos falando até de 1000 músicos no palco com a Sinfonia do Mil de Mahler. Além disso, o coro também começa a fazer mais parte do repertório sinfônico.

Vale falar que aqui a figura do maestro se torna essencial, pois com esse grande número de músicos e diversas indicações dos compositores nas partituras, é bastante necessário ter essa figura condutora.

 

A orquestra do séc. XX

Chegando ao século passado, as orquestras agora nem sempre contam com tantos músicos nos palcos, até por questões de dificuldade de se manter uma instituição deste tamanho.

Os instrumentos continuam ganhando mais padronização, a afinação chega a 442hz e os instrumentos de percussão começam a ter mais destaque. Em algumas composições, há também outros tipos incomuns de instrumentos, como o teremim, sons eletroacústicos, sons gravados, entre outros.

Entre os compositores orquestrais deste período, temos Igor Stravinky, Cláudio Santoro, Sergei Prokofiev, Edino Krieger, Cézar Guerra Peixe, bela Bartok, Heitor Villa-Lobos, entre tantos outros.

 

E hoje? Como está a orquestra?

A orquestra atual conta aproximadamente com um número fixo de 80 músicos e é ainda dividida pelos naipes de cordas, madeiras, metais e percussão. Possuem afinação padrão de 442hz, os instrumentos são todos modernos com maior potência sonora, e a figura do maestro e do spalla são fixas.

Porém, dependendo do tipo de repertório que elas irão interpretar, aumenta-se ou diminui-se o número de músicos. Porém, os instrumentos continuam sendo os mesmos.

Já outras orquestras são especializadas em música antiga, ou seja, barroca e clássica, e utilizam instrumentos históricos daquele período, buscando-se uma orquestração e sonoridade mais próxima do que era antigamente.

Há ainda orquestras pequenas, como as orquestras de câmara que se destinam a ambientes menores e a um público mais restrito.

Então, essas foram as transformações da orquestra na história da música. Basicamente, hoje em dia você consegue encontrar variados tipos de orquestras com repertórios diversos. Se quiser saber mais sobre as orquestras, confira aqui.

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