No meio da noite, em mar aberto, uma sombra se aproxima. Você não sabe o que é, não entende sua forma. Ela cresce a cada segundo, cada vez mais próxima de sua visão. Agora você pode ver o quão gigantesca se tornou sua imagem, já pode identificar do que se trata. O sangue gela, os cabelos da nuca se arrepiam, a boca fica seca, você percebe que o que está na sua frente é O Holandês Voador, O Navio Fantasma.
Richard Wagner conhece a história do Navio Fantasma
Esta ópera foi a primeira ópera composta e escrita por Richard Wagner (1813-1883) em 1841 e quase não foi encenada. A questão é que não se tinha dinheiro para reproduzi-la e o libreto não era considerado tão bom, agradando poucas pessoas. Contudo, hoje é uma das óperas mais amadas pelo público.
Quando jovem, Wagner realizou uma viagem de barco da Alemanha até Londres. Reza a lenda que ele fez esta viagem porque estava devendo para seus credores e nem tinha dinheiro para pagar a passagem do navio.
No meio da viagem, o navio encontrou uma tempestade e foi obrigado a atracar na Noruega. Durante o tempo de espera, Wagner conheceu a história do Holandês Voador e se encantou com todo o temor que o mar causa nos marinheiros e moradores da costa.
E se você leu Holandês Voador e se lembrou do filme Piratas do Caribe, é desta história mesmo que estamos falando!
O Holandês Voador
O Holandês Voador é um navio fantasma que é obrigado a navegar pelas águas do mar podendo atracar apenas a cada 10 anos. Na versão de Wagner, o navio pode atracar a cada sete anos. Um navio que não tem porto, pois seu capitão blasfemou contra Deus e foi amaldiçoado e condenado a viver nas águas.
Na ópera de Wagner, a história se passa em uma aldeia de pescadores na Noruega. Senta, filha de um capitão de um navio pesqueiro, morava nesta aldeia se fascina com a história do Holandês Voador e seu capitão. Enquanto costura redes de pesca, sonha com um dia encontrar tal figura, se comovendo com a história de um capitão que não pode mais voltar a terra.
Senta possui um ex-namorado que está tentando reconquistá-la e ele não gosta nem um pouco do fascínio que ela apresenta pelo Holandês Voador. Assim, temia que, se um dia o Navio ali atracasse, Senta iria embora com o capitão.
A versão de Wagner
Na versão de Wagner, o capitão do Holandês Voador tem a chance de se redimir caso ele encontre uma mulher que o ame pelo que ele realmente é, e não pelos tesouros que seu navio oferece. O capitão já está cansado de tanto procurar e sempre se decepcionar.
E como é de se esperar, o Navio Fantasma atraca na aldeia de Senta, os dois se apaixonam e fazem juramentos de amor eterno. Entretanto, em uma tentativa desesperada de reconquistar Senta, seu ex-namorado a abraça no momento em que o capitão entra na cena. Ao ver o casal, o Holandês se decepciona e volta para as águas com o coração partido.
Senta percebe o que aconteceu quando vê o navio indo embora. Em um ato de amor, se joga no mar a fim de tentar alcançar o navio. Ao ver tal cena, o Holandês compreende que Senta era fiel e o amava. Assim, a ópera termina com a ascensão do casal aos céus por meio do amor. É disto que esta ópera trata: uma história de redenção humana através do amor.
Quanto à parte musical, as árias mais famosas desta ópera são a ária da Senta e a ária do próprio Holandês lamentando sua realidade solitária.
A orquestra
Na parte orquestral, damos destaque para como Wagner ilustrou musicalmente as tempestades em alto mar. E é claro que ele não poderia estar de fora: o Leitmotif, que vai percorrer toda a ópera.
Esta ópera é cativante e espero que tenhamos instigado você a escutá-la e assisti-la. Caso queira ver esse conteúdo em formato audiovisual, assista ao vídeo abaixo:
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